terça-feira, 17 de março de 2009

Quando eu voltar a ser criança

Hoje pensei: vou escrever no blog. Comecei com um discurso besta sobre o tempo, o quão é efêmero, o quanto reclamamos dele, etc, etc. Cheguei á conclusão, ou melhor, indagação: Lilian, quem você pensa que é para falar qualquer coisa sobre o tempo!?! Desisti. Óbvio. Mas pensei nas crianças. Estava explicada a minha vontade de falar do tempo: pela primeira em quase seis anos, faz três semana que não vou contar histórias no hospital. Culpa do tempo. Ou o que chamamos de "falte de".

Isso me deixou profundamente triste. Sei lá eu porque, fiquei pensando no primeiro livro que realmente me tocou. Eu tinha 10 anos quando li, ganhei do meu pai (isso já faz 19 anos!): "Quando eu voltar a ser criança". Fui olhar na minha pequena biblioteca - se é que assim posso chamá-la, e ele estava lá. Velhinho, puído, sujo, mas com as folhas intactas (ok, tem uns riscos de caneta nas contracapas, acho que foi minha irmã caçula...). O autor é Janusz Korczak, um educador polonês, que viveu em um orfanato. Fiquei feliz.


De repente, me deu um estalo!!! Só pode se isso. Está explicada minha paixão pelas crianças, pelas histórias, em tentar nunca me esquecer de como é o universo infantil. Li o prefácio, da Tatiana Belinky (imagina, nem sabia quem ela era na época). Li as primeiras páginas novamente e lembrei de tudo. Tudinho. É claro, já comecei a ler novamente, e escrevo este post também para indicar para aqueles que pretendem entrar no universo infantil, lembrar como é ser e pensar como criança.

Será que foi um sinal? Voltei a pensar nas crianças do hospital. Isso não pode mais acontecer. Semana que vem estarei lá, Lili, firme e forte, de quarto em quarto, com minha sacolinha mágica, meu sorriso sincero e meu peito aberto. Cheio de amor pra dar, histórias pra contar e tempo para compartilhar. Era isso que eu tinha pra dizer.