segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Emília

Três vezes por ano um grupo cheio de gente boa organiza a Festa Parque dos Valores, no hospital Emílio Ribas. Eu procuro participar sempre. Na Páscoa, Dia das Crianças e Natal fazemos uma bagunça e nos divertimos muito. São mais ou menos 600 crianças.

A maioria de nós vai fantasiado. No meu caso, a contadora de histórias dá lugar a uma das minhas personagens preferidas: Emília. E mesmo eu tendo contado histórias neste hospital por muito tempo, até as crianças que conhecem a "Lili", neste dia, somente se dirigem a mim como Emília. E eu realmente sou a Emília.

Numa das festas estava lá, eu, com meu vestidinho amarelo e vermelho e meus cabelos pra lá de coloridos, quando uma garotinha linda chegou perto de mim e me desafiou:

- Você não é a Emília! Ela está lá na minha casa, na minha televisão. Você é gente!
- Como assim? Claro que eu sou a Emília! Olha só meu braço de boneca.

Ela apertou meu braço sem me dar muita bola, como se pensasse "bobinha". Assim que virei de costas, ela segurou no meu "cabelo colorido" e deu um puxão, bem forte, mas não o suficiente para arrancar os 300 grampos que eu havia colocado para segurar meus novos cachos. Meu cabelo nem se mexeu. Ela arregalou os olhos e disse pra amiguinha ao lado, espantanda:

- Eu acho que é de verdade!

Até hoje ela vem falar comigo, sempre sorrindo.

- Oi Emília!