Tantos anos contando histórias para as crianças em hospitais e eu não imaginava que - mais uma vez, estaria de licença. Os nódulos continuam nas minhas pregas vocais, são inofensivos, mas me atrapalham para fazer risada de bruxa, ou um "i" bem agudo (uma das minhas especialidades). Eles também deixamminha voz muito cansada. Fora isso eles são "do bem".
Depois da licença do ano passado, para cuidar da voz - que eu não cuidei direito - voltei a atuar na Santa Casa desde abril/2010. E também abandonei o blog. Mas esse ano fiquei novamente de licença, para cuidar da voz em definitivo. E isso incluía uma cirurgia de septo, porque quem quer falar direito precisa respirar direito.
Eu só não imaginava que teria mais essa história para contar.
No meio dessa licença - antes da septoplastia e depois da decisão de ser mãe no final deste ano, descobri mais nódulos. Mas esses não eram do bem. Não eram nas pregas vocais, mas estavam bem pertinho do nervo da voz, o que incorria no risco de uma rouquidão - para sempre.
Para quem não sabe, a tireóide é coladinha do nervo vocal. E a minha tireóide me pregou uma peça, seu lado esquerdo tinha um nódulo. Maligno. Pois é, um câncer.
São 8 anos contando histórias, sendo 6 anos de Viva (Associação Viva e Deixe Viver). Grande parte deles na infectologia do Emílio Ribas, e a outra metade desses dividida entre a oncologia do Darcy Vargas e da Santa Casa, e agora eu que tinha que procurar o oncologista.
Tantos tempo contando histórias para os pequenos, e tudo o que eu queria nos dias de isolamento da radiodoterapia era alguém comigo naquele quarto de hospital frio. Não, não estou reclamando. Mas quarto de hospital é frio. Seja do Hospital Vila Penteado ou do Albert Einstein.
O que os torna mais humanos são as pessoas. Os médicos- obrigada Dr. Sérgio Tazima, as enfermeiras e enfermeiros (obrigada pela atenção!), no meu caso as físicas nucleares, que fizeram da minha estadia no Hospital Oswaldo Cruz mais serena. E pela minha vivência, pelo que eu acredito, os contadores de histórias também ajudam na humanização do período em que uma criança está internada, e por que não, de um hospital inteiro.
Ainda estou na fase da reflexão. Fiz minha cirurgia em junho. A Iodo semana passada. Ainda estou no semi-isolamento, não posso ter contato com grávidas, e com aqueles que mais amo: as crianças. Mas só por 10 dias. Ainda não acabou. Ainda estou ansiosa, esperando o resultado da minha PCI (PCI = pesquisa de corpo inteiro).
Mas sem dramas, porque eu não tenho mesmo esse perfil!
Este post marca meu retorno ao blog. Enquanto eu não volto a contar histórias, quero falar sobre elas aqui, indicar livros para quem tem filhos, pra quem não tem, indicar histórias. Sem nenhuma pretensão. Quero apenas colaborar com minha experiência, contar o que eu sei e aprender o outro tantão que eu não sei. Quero contar. Compartilhar. Porque quem conta encanta, não é mesmo?
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2 comentários:
Um sorriso em meios aos conflitos
Chego ao trabalho e vou acessar a internet , já sei ja sei la vem guerra ,conflitos , assaltos , mortes e tantas outras coisas , o momento é de calma reflexão , silencio pensamentos vão e vem , lembro de algumas palavras da biblia , aperte o enter Elias o dia está começando , a fé de jó move montanhas , nenhuma praga chegará a tua tenda , ops volto pra realidade , algumas folheada em um jornal que está sobre minha mesa , como de costume estava " adoçicado " com uma dose de sensacionalismo , volto pra internet , vou ao meu bookmark e lá está o link VOU TE CONTAR , acesso e tenho uma grande noticia , ela voltou , ela voltou .... não acredito .. estava sumida , sem noticia , mas agora esta de volta , Graças a Deus , agora é só esperar os sorrisos da crianças disso eu tenho certeza.........
Que linda!!! Gostaria muito de ser contadora de histórias como você, mas preciso de treino. E gostaria de saber alguns bons livros para comprar também. Que Deus abençoe a sua vida imensamente! Tudo vai dar certo! Um grande beijo!
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